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Literando #011


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Da mesma forma que um pássaro pode atrofiar as suas asas, após batê-las por muito tempo sem repousar, eu sinto que a minha busca por liberdade está se transformando na minha prisão. Mais bela, é certo, mas uma prisão não deixa de ser uma cela ao ter suas paredes cinzas cobertas por tinta azul. Ela foi um baque e tanto, todos notaram. Não nego que precisei de longos meses, transitando pelo inferno, até voltar a respirar normalmente e ingerir alguma coisa além de conhaque barato. Mas, enquanto ela passeia sorridente com os amigos, sequer pensando em mim, eu me perco por braços longos e desconhecidos, beijo bocas que só falam besteiras e invado coxas sem me permitir invadir a alma dos corpos alheios. Percebo que, fugindo dela, acabei fugindo de mim mesmo e me transformando naquilo que sempre odiei. O que fazer quando, depois de muito caminhar, percebo que tomei a estrada errada? Retornar, às vezes, é a rota mais rápida rumo à mansidão que eu sempre desejei, mas nunca possuí. Um dia eu não precisarei mais voar desesperadamente, e o meu pássaro azul poderá cessar seu bater de asas e poderá, enfim, descansar – serei mansidão e descobrirei, ao envolver o corpo de quem me tem amor, que de repente não é mais pecado sorrir.

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