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Literando #009


...


Sento e paro para pensar no que escrever, mas eu não consigo, só penso em aliviar toda essa dor dentro de mim. Já perdi a conta de quantas linhas escrevi e apaguei logo em seguida. Pensei em falar sobre a aposentadoria da Gisele Bündchen, que foi o auge desses últimos dias e que diga-se de passagem, foi uma de suas mais belas atitudes. Pensei em falar de regimes, de meditação e até de passar as melhores dicas de como “ser feliz sozinho”. O real é que não vai ter jeito, você ainda continua sendo minha maior inspiração, mesmo que seja para a dor. Então vamos lá, preencher essa página com seus encantos, desencantos e preencher esse vazio, ou me esvaziar de você.


Esvaziar-me de você.

De você.

Você.


Você, moço. Você mesmo. Que foi embora da minha vida de fininho. Assim, do nada. De repente. De uma hora pra outra. Sem nenhuma explicação, sem nenhum por que. Só foi. Juntou suas coisinhas que viviam dentro de mim e sem nem pedir licença partiu. Só esqueceu que me partiria também. Tentar consertar um copo de vidro quebrado pode até ter solução, juntar pecinha por pecinha pode ser uma, mas pra um coração não.


Eu só pedi pra você ficar, lembra? Em todos meus textos, em todos que foram escritos e declamados só pra ti, foi pedindo pra ficar. Todas as músicas cantadas pra você e todos os beijos, apertos e amassos foram pedindo por isso.


Não pedi para que você aparecesse, mas você apareceu na minha vida. Não pedi para que afirmasse com todas as letras e sílabas que eu era a mulher da sua vida. Quem some da mulher da sua vida da forma que você sumiu de mim? Eu não pedi nada disso. Não pedi que marcasse encontros comigo e nem que me levasse para comer comida japonesa, mesmo sabendo que eu estava numa fase de adaptação àquelas gostosuras. Não pedi para que me ensinasse a comer com o rachi. Cara, eu já sabia comer de rachi. Eu só me fiz de desentendida e um pouquinho de charme pra ver o que você fazia.


E sabe o que você fez? Pegou na minha mão, segurou ela bem firme com os rachi’s e me ensinou a conduzi-los. Mais do que isso, deu cada Hot Roll, um por um, na minha boca. Eu te pedi isso? Não, eu não pedi. Eu não pedi pra que ficasse horas comigo dentro daquele seu carro que mais parecia um avião, conversando por horas e me fazendo sentir cada letra que vinha das músicas que tocavam no mp3 do seu carro. Aquelas músicas lindas, calmas, clássicas e sua cara, lembra? Não pedi para que me ligasse no dia seguinte, nem que me fizesse ligar a web cam pra te ver tocando e cantando pra mim. Não pedi para que concordasse com meu forevermente, mas você tanto concordou como aderiu ao seu vocábulo. Eu não pedi nada disso. Nadinha.


Só pedi para que ficasse, lembra? Fica, fica, fica na minha vida e pra vida toda. Era o que eu mais repetia. Mas você não quis. Preferiu qualquer outra coisa. Devia ser pela loirona alta, bonita e gostosona. Pelo seu trabalho que não permitia me dar tanta atenção ou até porque não me queria mesmo. Eu não sei qual foi o motivo, mas levo comigo como algo positivo. Penso que saiu assim da minha vida, porque queria ter apenas lembranças do ápice da nossa paixão. Não da briga que teríamos antes de você ir e nem do medo que você sentiria do quão errado eu poderia pensar de você. Talvez seja isso. E é isso que vou guardar, mesmo achando que você agiu todo errado comigo e que agora sim, você deveria ter medo.


Agora você deve estar em uma praia com sua loirona ou paquerando alguma Doutora ou enfermeira bonitona nos corredores do hospital e eu aqui: arrumando mil maneiras de te esquecer. Porque foi isso que você queria com essa despedida, que eu te esquecesse. Fico aqui, quietinha, acordando no meio da noite tentando entender o porquê disso. Encharcando meu travesseiro de sentimentos e buscando a calma, a paz. Aquela que você tirou de mim.


Eu só pedi pra que você ficasse, moço. Mas você foi embora. Pra longe. Pra sempre. Sem tchau. Sem beijo. Só foi, forevermente.


A vida não está fácil, abarrotada de cobranças. O TCC batendo aí na porta, o emprego que ainda não consegui, as provas da faculdade tomando conta de mim, meu quarto bagunçado, meu guarda-roupa desarrumado e o cesto de roupa suja pedindo pra ser esvaziado. Meus dias seguem cheios de tarefas e compromissos. Mas a única coisa que consigo fazer e concluir com sucesso é pensar em você.


Tudo me lembra você, tudo desvia minha atenção pra você. Depois que você me deixou, Nada eu consigo fazer, nada eu consigo concluir. Tudo é muito chato, desgastante e sem graça. Minha graça era você. Eram suas mensagens no meio do expediente, sua ligação na madrugada, seu colo quando eu não tinha mais chão e forças pra continuar. Hoje sinto que não vivo meus dias, eu os atropelo na tentativa de fazer que ele acabe logo. Na tentativa de te atropelar dos meus pensamentos.


Está foda. Os dias se tornaram uma máquina de afazeres sem sucesso e sem finalidade absoluta. Os dias se tornaram uma tortura medieval. Levanto de manhã, me imagino trombando com você por aí. Entre essas ruas, essas avenidas, esses prédios, entre esse nosso rebuliço de sentimentos, entre os “te amo mas não posso ficar” e entre minha esperança de um dia você voltar.


É que você vai voltar, não vai?


É assim que tem que ser: nós dois juntos. Estava escrito em algum lugar, mas na correria dos dias nos perdemos de vez. Não enxergamos que era nós dois pra sempre ou que pelo menos, deveríamos ser.


Dá tempo, sabia? Ainda dá tempo de você voltar e dar vida aos dias cinzentos. Dá tempo de você voltar e cuidar da gente. Foram tantos anos pra serem jogados assim. Você não concorda? Seu cantinho na mesa do jantar, a sua toalha, o seu espaço no guarda-roupa e tudo que era seu, continua seu.


Guardado.

Te esperando.

Pra quando você voltar.


...

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